Loures: Obras salvam palácio Valflores do colapso

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Já foi considerado um dos monumentos mais ameaçados da Europa, por estar em risco de colapsar, mas um “milagre” manteve em pé o Palácio Valflores, no concelho de Loures, que está a ser alvo de obras de reabilitação e restauro.

O palácio Valflores, situado na localidade de Santa Iria da Azoia, é uma construção do século XVI e é apontado como um exemplo da arquitetura renascentista em Portugal.

Em 2015, integrou uma lista divulgada pela Europa Nostra, principal organização europeia do património, como sendo um dos 14 monumentos mais ameaçados da Europa.

Este alerta, fez soar as campainhas e levou a Câmara Municipal de Loures, liderada por Bernardino Soares, a submeter duas candidaturas a fundos comunitários para a realização de obras de reabilitação e restauro.

Este processo desenrola-se ao longo de três fases, a primeira das quais terminou agora e permitiu a consolidação estrutural do palácio de Valflores.

Numa visita realizada ao palácio esta quinta-feira, Bernardino Soares garantiu que o palácio está salvo e que já não cai.

“É um espaço que esteve em vias de desaparecer, mas que agora está salvo. O palácio já não vai cair”, sublinhou o autarca.

No entanto, o risco de colapso foi real, segundo recorda a equipa de arquitetos e arqueólogos que está envolvida nos trabalhos.

“O que nós encontramos foi uma construção em vias de ser perdida. Por exemplo, no lugar onde estamos não podíamos estar há cinco anos sem risco de vida, porque estamos em cima de abóbadas que estiveram em risco de cair”, contou José Aguiar, um dos arquitetos responsáveis.

José Aguiar explicou que, durante a primeira fase, os técnicos estabilizaram a estrutura e que, nas próximas fases, irão restaurar todos os elementos em falta, nomeadamente o teto, procurando ser “o mais fiéis possível ao original”.

“Se olharmos para aquela parede, nós vemos o resto de um teto Mudéjar, que nós iremos repor com a mesma madeira castanha, com os mesmos detalhes, com as mesmas soluções”, exemplificou.

Paralelamente, as obras de recuperação e restauro abrangem também um aqueduto, que se situa no exterior, e que era responsável pelo fornecimento de água ao palácio.

“Na nossa opinião faz sentido repor o aqueduto em funcionamento. É de tal inteligência o uso da água nesta quinta que ele coincide com aquilo que são as expectativas ambientais hoje. Nós já não devemos pensar no uso da água só para a gastar de fontes públicas”, defendeu.

Relativamente ao futuro do palácio, Bernardino Soares sublinhou que “está tudo em aberto e adiantou que a Câmara de Loures pretende estabelecer parcerias com instituições ligadas à ciência.

“Parece-nos que este património tem um tal valor e relevância que não devia ficar circunscrito a uma utilização municipal. Temos por isso uma grande abertura para com as entidades em encontrar uma solução que seja um centro de investigação científica que possa ficar aqui sediado e que concilie a sua atividade com o usufruto de toda a quinta”, justificou.

Em termos globais, a Câmara de Loures estima que as três fases de recuperação total do Palácio de Valflores impliquem um investimento de cerca de 1,2 milhões de euros, sendo que 50% deste custo será cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

A estimativa da autarquia é que as obras para a segunda e terceira fase deste projeto possam arrancar no final do primeiro semestre deste ano, tendo um período de duração de cerca de um ano.

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